domingo, 23 de agosto de 2009 2 comentários

Amortização

Não fosse a morte,
Minha sorte,
Pouco faria caso
Do acaso forte
Que nos faz voltar atrás,
Até perder o norte.
(Assim como um punhal, o corte.)
Amortizar a ação
E sublimar a emoção
Do frio que faz
Nessa noite assaz,
De norte a sul,
De leste a oeste.
Num puro vórtice,
Há um algo mais...
Que não se desfaz
Nessa chuva cafajeste.

(Guilherme Ramos, 21/08/2009, 1h26.)
sábado, 15 de agosto de 2009 4 comentários

Escrever

"Escrever é igual foder. Só os amadores se divertem. Ou você já viu uma puta dando risadinhas por aí?" (Hunter Thompson)

* * *

É. Que é "foda", isso é... Rssss... Mas eu nunca tinha pensando desse jeito. HUAHAUHAUHAUHAUA... Thompson botou pra f... (uia!)

P.S.: "esquentando" as coisa por aqui, já que estão tão "frias"... Rsss...
terça-feira, 11 de agosto de 2009 1 comentários

A2 - O Espetáculo...


Encontrei parte do texto abaixo na Internet. Desconheço o autor. Daí, analisei o “repertório” (constatando a involução musical...), fiz algumas modificações e/ou atualizações e ousei continuar até 2009, transformando-o num texto teatral. O resultado pode ser assistido no espetáculo “A2” (uma comédia inteligente sobre relacionamentos - o que você vai ler é apenas UMA das cenas), em breve, num teatro perto de você!

CENA IV – CASO
(NINGUÉM É DE NINGUÉM)

NARRADOR - (Gravação) Quando a “cantada” dá certo, a paquera dá certo. Voilà! E depois do primeiro “amasso”, ela já vira um “caso”, um “cacho”, um “lance”, um “esquema”... você pode passar horas falando os nomes que dão ao segundo estágio do relacionamento. Aliás, grande estágio! Você pega aqui, o outro acolá, os dois mexem e mexem e mexem... (Pausa breve) pode até rolar um “sexozinho” básico, mas nada muito adiantado. Básico mesmo! No máximo um sexo oral, afinal “você não é qualquer pessoa”... (Pausa breve) Daí já pinta aquele negócio de ligar um pro outro a cada quinze minutos; sair mais constantemente... Ainda é bom, mas já começa a ter uma certa “cobrança”. Afinal de contas, “vocês dois não são como as outras pessoas”, não é?

(Tocam-se músicas das décadas de 30 até 2009. A melodia deverá ser tocada ao fundo, permitindo uma narração de SRA X e um playback de SR Y. À medida que os anos vão passando e o texto vai sendo falado, o casal usa e abusa de adereços representativos de cada época).

SRA X - Década de 30... Ele, de terno cinza e chapéu panamá, em frente à vila onde ela mora, canta...

SR Y - (Cantando) “Tu és, divina e graciosa, estátua majestosa! Do amor por Deus esculturada. És formada com o ardor da alma da mais linda flor, de mais ativo olor, que na vida é a preferida pelo beija-flor...”

SRA X - Década de 40... Ele ajeita seu relógio Pateck Philip na algibeira, escreve para a Rádio Nacional e manda oferecer a ela uma linda música...

SR Y - (Cantando) “A deusa da minha rua, tem os olhos onde a lua, costuma se embriagar. Nos seus olhos eu suponho, que o sol num dourado sonho, vai claridade buscar...”

SRA X - Década de 50... Ele pede ao cantor da boate que ofereça a ela a interpretação de uma bela bossa...

SR Y - (Cantando) “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela a menina que vem e que passa, no doce balanço a caminho do mar. Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O teu balançado é mais que um poema. É a coisa mais linda que eu já vi passar...”

SRA X - Década de 60... Ele aparece na casa dela com um compacto simples embaixo do braço, ajeita a calça Lee e coloca na vitrola uma música papo firme...

SR Y - (Cantando) “Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também... Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também... Toda a minha vida eu já lhe dei e agora já não sei o que vou fazer se te perder eu morrerei... Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também... Eu te darei o céu meu bem e o meu amor também...”

SRA X - Década de 70... Ele chega em seu fusca, com tala larga, sacode o cabelão, abre a porta pra mina entrar e bota um melo jóia no toca-fitas...

SR Y - (Cantando) “Meu bem você me dá água na boca... Vestindo fantasia, tirando a roupa... Molhada de suor, de tanto a gente se beijar. De tanto imaginar loucuras! Nada melhor do que não fazer nada... Só pra deitar e rolar com você!”

SRA X - Década de 80... Ele telefona pra ela e deixa rolar um som...

SR Y - (Cantando) “Seu corpo é um fruto proibido, é a chave de todo pecado e da libido. E prum garoto introvertido como eu, é pura perdição. É um lago negro o seu olhar, é água pura de beber, se envenenar... nas suas curvas derrapar, sair da estrada e morrer no mar... E pra você eu deixo apenas o meu olhar 43, aquele assim, meio de lado, já saindo, indo embora, louco por você... Princesa!!!”

SRA X - Década de 90... Ele liga pra ela e deixa gravada uma música na secretária eletrônica...

SR Y - (Cantando) “Você apareceu do nada e você mexeu demais comigo. Não quero ser só mais um amigo. Você nunca me viu sozinho. E você nunca me ouviu chorar. Não dá pra imaginar quanto é cedo ou tarde demais, pra dizer adeus, pra dizer jamais. É cedo ou tarde demais, pra dizer adeus, pra dizer jamais.”

SRA X - 2000... Ele põe o chapéu de vaqueiro, pega o laço e manda aquele sucesso da TV...

SR Y - (Cantando) “Ponho o carro, tiro o carro na hora que eu quiser, que garagem apertadinha, que doçura de mulher. Tiro cedo, ponho à noite e também de tardezinha, tô até trocando o óleo na garagem da vizinha!”

SRA X - 2001... Ele captura na Internet um batidão legal e manda pra ela, por e-mail...

SR Y - (Cantando) “Quer dançar? Quer dançar? O Tigrão vai te ensinar! Vou passar cerol na mão, assim, assim! Vou cortar você na mão! Vou sim, vou sim! Vou aparar pela rabiola! Assim, assim!... Vou trazer você pra mim...”

SRA X - 2002... Ele pára o possante rebaixado e no mais alto volume, solta o som...

SR Y - (Cantando) “Beijo na boca é coisa do passado, a moda agora é, é namorar pelado...”

SRA X - 2003... Não tem diálogo, não tem recado, o negócio é “animal”...

SR Y - (Cantando) “Minha egüinha Pocotó... Pocotó, Pocotó, Pocotó, Pocotó!...”

SRA X - 2004... O amor está no ar. E “tome amor”...

SR Y - (Cantando) “Porque cada vez que a gente se encontra é bom demais; é tanta loucura que você me faz... E tome amor! E tome amor! No meu peito. Esse coração que agora já não quer mais me deixar; pois só basta a gente se encontrar... E tome amor! E tome amor! E tome amor... No meu peito.”

SRA X- 2005... Tudo virou festa!

SR Y - (Cantando) “Hoje é festa lá no meu ‘apê’... Pode aparecer, vai rolar ‘bunda lêlê’! Hoje é festa lá no meu ‘apê’... Tem ‘birita’ até o amanhecer!”

SRA X- 2006... Onde a “mina” vai, o “mano” vai atrás...

SR Y - (Cantando) “Se ela dança, eu danço! Se ela dança, eu danço! Se ela dança, eu danço! Falei com o DJ!... Pra fazer diferente, botar chapa quente, pra gente dançar! Me diz quem é a menina, que dança e fascina, que alucina querendo beijar... Ela só pensa em beijar... Beijar! Beijar! Beijar! E vem comigo dançar... Dançar! Dançar! Dançar!...”

SRA X- 2007... As coisas foram... “se encaixando”...

SR Y - (Cantando) “Olha meu bem, você me surpreendeu! Era criança, agora que cresceu... Se tornou um mulherão, pula cerca todo dia! Essa mania agora, de ficar toda encaixadinha... Ai, mainha... Ai, mainha... Ai, mainha... Você tá todinha... toda encaixadinha... toda encaixadinha... toda encaixadinha...”

SRA X- 2008... E o amor tornou-se mais “gastronômico”...

SR Y - (Cantando) “Vem meu cajuzinho, te dou muito carinho... Me dá seu coração, me dá seu coração. Vem meu moranguinho, te encho de carinho, te encho de tesão. Te encho de tesão... Na sua boca eu viro fruta, chupa que é de uva... Chupa, chupa... Chupa que é de uva! Na sua boca eu viro fruta, chupa que é de uva... Chupa, chupa... Chupa que é de uva! Chupa, chupa... Chupa que é de uva...”

SRA X- 2009... E os “valores” foram mudando...

SR Y - (Cantando) “Você não vale nada, mas eu gosto de você! Você não vale nada, mas eu gosto de você! Tudo que eu queria era saber porquê?!? Tudo que eu queria era saber porquê?!?”

(O casal se atraca ferozmente, a exemplo dos “namorados” que se conhecem em festas e saem de cena dançando.)
sexta-feira, 7 de agosto de 2009 1 comentários

Imitação

É clichê, mas...
Vamos ver, vamos ver:
A 'arte' imita a 'vida'?
Ou a 'vida' imita a 'arte'?
Será que importa?
Como se comporta?
Acontece por toda parte...
De Strindberg a Sartre.

(Guilherme Ramos, 07/08/2009, 10h16.)

Comentário de um comentário que virou postagem. Assim é um blog, assim é a vida. Obrigado, Larissa, pela inspiração!
terça-feira, 4 de agosto de 2009 2 comentários

Costume

Eu não quero saber,
Quero (mais) é prazer
E mais nada.
Só não sei se você
Se acostumou a dizer (isso)
Pra pessoa errada.

(Guilherme Ramos, 04/08/2009, 17h03)
 
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