terça-feira, 29 de outubro de 2013

Prazer


Era pra ser apenas eu, você e o prazer. Prazer de ter alguém nos momentos de menos auto-suficiência. Prazer carnal (e coisa e tal). Prazer de ter alguém ao lado, dar boas risadas juntos, beber – quem sabe – uma cerveja, uma vodka ou mesmo um vinho. Prazer de assistir a um filme, falar do dia de trabalho, dos filhos. Prazer de viajar, mesmo sem saber direito o caminho ou para onde ir. Prazer. De sermos nós mesmos. Sem máscaras. Sem mentiras. Sem joguinhos.

Prazer era um ter o outro. Sem sufoco. Prazer era saber viver. Sem o outro. Prazer era se ter. Com o outro. Sem o outro. Mas saber: cada um carregava a pena e o chumbo de compartilhar sentimentos. Prazer era tocar a pele. Prazer era beijar a boca. Prazer era ficar bem coladinho. Com – ou sem – roupa. Prazer era uma confusão no juízo. Prazer era nem ter juízo. Prazer era enviar SMS, e-mail, postagem no Facebook e telefonar. Pra dizer a mesma coisa. Que se tinha prazer. Em conhecer. Alguém como o outro.

Prazer era perder a noção do tempo. Prazer era voltar no tempo. Prazer era saber: não se podia perder – mais – tempo. Prazer era estar cansado de um dia tortuoso e, mesmo assim, guiar o carro até a casa do outro. Prazer era não ter onde estacionar e, mesmo assim, arriscar uma multa. Prazer era ter sorte e não ser multado pela contramão de sentimentos recíprocos. Prazer era inventar essa história “cabeluda” só pra divertir o outro. Prazer era tanta coisa e quase nada. Prazer era varar a madrugada, escrevendo – por puro prazer – poesia e música para a pessoa amada.

Prazer era. Mas dizem que deixou de ser. Prazer foi. Não se pode crer. Basta lembrar – com prazer – o que ainda está por vir. Prazer é isso: mais do que um monte de coisas, cheiros, momentos, ausências, presenças, conseqüências. Saudades. Prazer é “parabéns pra você”. Prazer é urso de pelúcia. Prazer é champanhe barato, nunca aberto, por falta do que fazer. Prazer é vinho tinto, seco, tomado como se fosse suave, tamanho era o prazer.

Prazer é insistir. Acreditar. Sonhar.

(Re)Começar. (Re)Encontrar. (Re)Viver.

Sem parar.

Eu não paro.

Não pare também.

Não se permita esquecer.


(Guilherme Ramos, 29/10/2013, 1h16. Inspiração na VI Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Agora, acho que já posso dormir... Porque daqui a pouco... Tem trabalho! Rssssss...)

Imagem: Google.

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